Quando você se decepcionar – ou mesmo quando ficar contente – com determinado resultado de alguma votação, lembre-se dessa citação de Henry David Thoreau, pinçada de seu A Desobediência Civil.

Acho que também se aplica a qualquer manifestação coletiva em que a maioria faz valer a sua razão que, obviamente, nem sempre merece esse nome, razão.

O filósofo se refere a questões ligadas ao fim da escravatura nos Estados Unidos, mas o pensamento dele pode ser universalizado a outras situações, obviamente:

Toda a votação é um tipo de jogo, tal como damas ou gamão, com uma leve coloração moral, onde se brinca com o certo e o errado sobre questões morais; e é claro que há apostas neste jogo. O caráter dos eleitores não entra nas avaliações. Proclamo o meu voto – talvez – de acordo com meu critério moral; mas não tenho um interesse vital de que o certo saia vitorioso. Estou disposto a deixar essa decisão para a maioria. O compromisso de votar, desta forma, nunca vai mais longe do que as conveniências. Nem mesmo o ato de votar pelo que é certo implica fazer algo pelo que é certo. É apenas uma forma de expressar publicamente o meu anêmico desejo de que o certo venha a prevalecer. Um homem sábio não deixará o que é certo nas mãos incertas do acaso e nem esperará que a sua vitória se dê através da força da maioria. Há escassa virtude nas ações de massa dos homens. Quando finalmente a maioria votar a favor da abolição da escravatura, das duas uma: ou ela será indiferente à escravidão ou então restará muito pouca escravidão a ser abolida pelo o seu voto. A essa altura, os únicos escravos serão eles, os integrantes da maioria. O único voto que pode apressar a abolição da escravatura é o daquele homem que afirma a própria liberdade através do seu voto.

Mas, como dizia Winston Churchill, a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais anteriormente experimentadas.

http://livroseafins.com/thoreau-sobre-votacoes-e-outras-manifestacoes-coletivas/